Jéssica Machado

A psicóloga aborda saúde mental, autoestima, autoconhecimento, sexualidade e amor próprio.

Amor próprio é diferente de egoísmo

A pessoa com amor próprio tende a ser mais generosa e altruísta, ou seja, o oposto de ser egoísta.

Foto: Divulgação

 

 

Você se considera egoísta? Pensando numa escala de 0 a 10, qual o nível de amor que nutre por si?

 

Se estiver difícil responder, pense em quais de suas atitudes diárias demonstram amor próprio e quais demonstram egísmo.

 

Essa situação voltada ao que é, e o que não é um comportamento egoísta, me fez refletir, sobre as definições básicas, e sobre as visões sociais que cada indivíduo faz desses comportamentos e sua diferenciação principal, no que se refere ao que consideramos como amor-próprio.

 

De acordo com o dicionário, egoísmo é “falta de altruísmo; apego excessivo aos próprios interesses; comportamento da pessoa que não tem em consideração os interesses dos outros; tendência de excluir os outros, tornando-se a única referência sobre tudo”. Já o amor-próprio é um sentimento afetivo em relação a si mesmo.

 

Conheço casos de várias pessoas que têm como prioridade atender às necessidades e desejos dos outros, mesmo quando isto significa negar e sacrificar a si mesmas. De modo geral, relatam que têm dificuldades para estabelecer um limite e não sabem dizer não.

 

Por isso, seguem se doando e se esforçando (às vezes até à exaustão) por amor aos outros, na mesma medida em que negligenciam o amor e o respeito por si mesmas e por suas necessidades.

 

Fazem de tudo para não deixarem de ser vistas pelos outros como “gente boa”, como uma ”pessoa legal”. Têm medo de assumir uma postura diferente, que as proteja de certos abusos, e serem interpretadas como egoístas.

 

Este medo impede que alguns indivíduos cuidem melhor de si mesmos. Alguns se sentem culpados só de pensar em fazer algo visando seu bem-estar.

 

Mais culpados ainda se pensarem que isto pode desagradar a alguém, ainda que minimamente.

 

É preciso ter cautela! Egoísmo e amor próprio são coisas muito diferentes!

 

Uma pessoa que sente-se amada por si mesma e tem uma profunda sensação de autoapreciação provavelmente possui uma grande tendência a ser generosa, altruísta, prestativa e desprendida (e isto é exatamente o oposto de egoísmo).

 

Muito mais do que alguém que não se sente realizado, pelo contrário, sente-se frustrado, sugado. Quando você se ama, todos ganham! A ausência do amor próprio leva à autonegligência.

 

Você pode escolher se comportar de uma maneira que reflita mais amor próprio. Amor próprio é uma escolha!

 

É possível escolher proteger as emoções. É possível continuar sendo altruísta, sempre que isto não te machuque ou desrespeite.

 

Você pode aprender a dizer não, quando necessário, de forma bastante honesta, amorosa, respeitosa e cortês. E se achar que sozinho não consegue, não há nenhum demérito em procurar ajuda de um psicólogo.

 

Isto posto, permita-me perguntar novamente: Pensando numa escala de 0 a 10, quanto você possui de amor próprio?