A república da vingança deu o recado certeiro ao cassar Deltan Dallagnol

Não é tranquilo, para um defensor das liberdades como eu, falar do momento difícil como este em que estamos vivendo no Brasil. O que temos visto em nosso país é uma tentativa ensandecida de calar as vozes divergentes.

Seja com a censura das redes sociais, seja com ataques aos veículos que não dizem amém à nova ordem estabelecida, seja com cassações como a de Deltan Dallagnol. O futuro é sombrio. Mas, não podemos desistir. A nós, cabe lutar, enquanto a nossa voz ainda pode ser ouvida.

Como jornalista, falei ao microfone da Rádio Mercosul. Como deputado, falei na tribuna da Assembleia. E vou seguir falando: “Em que momento o Brasil se perdeu? Em que momento o buraco em que nós nos enfiamos chegou a esse ponto?

A cassação de Deltan Dallganol e a sua inelegibilidade por 8 anos se deram em uma decisão unânime do Tribunal Superior Eleitoral. Isso foi um recado direto e claro, que mudou completamente o entendimento que o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná já havia dado, garantindo que o ex-procurador Deltan estava apto a disputar a eleição. O que falar aos 344.917 eleitores paranaenses que queriam a voz de Dallagnol em Brasília, representando a Operação Lava Jato e o que ela significa para o país?

A impressão que temos hoje é a de que Lula é ficha limpa e Deltan Dallagnol é ficha suja. Essa é a narrativa. Mas que fique claro: Lula não foi absolvido em momento algum. Essa sim é a maior fake news dos últimos tempos. Aliás, ele foi condenado pela primeira instância em Curitiba, pelo Tribunal Regional Federal em Porto Alegre e pelo Superior Tribunal de Justiça em Brasília.

Lula escapou, isso sim, porque o Supremo Tribunal Federal anulou a Lava Jato. O petista deveria ter sido julgado novamente por um outro juiz. Mas, como tem mais de 70 anos e aí os prazos diminuem, os crimes prescreveram. Por outro lado, no caso do agora deputado cassado, Deltan Dallagnol, não há condenação.

Diante deste cenário, volto a usar uma frase que cada vez mais faz sentido: O Brasil não é para amadores! Mas, seguirei firme, ao lado de outros tantos que querem uma política diferente e que não dobram a espinha. O povo paranaense não tolera a bandalha.

– Por Denian Couto, jornalista, professor de Direito, âncora do Jornal da Mercosul, deputado estadual e líder do bloco Podemos-PSDB-Cidadania na Assembleia Legislativa do Paraná.