Para grafiteiro mafrense, a rua é sua principal tela

Os muros de Riomafra nunca mais foram os mesmos depois de passar pelas mãos do artista grafiteiro Dion Moska. A

Os muros de Riomafra nunca mais foram os mesmos depois de passar pelas mãos do artista grafiteiro Dion Moska.

A arte sempre fez parte da vida do mafrense, que começou a adquirir gosto por desenhar desde a infância. O desenho aos poucos, se tornou uma válvula de escape para o jovem. “Quando descobri o grafite, percebi que eu poderia passar os desenhos que fazia no papel para as paredes. Há sete anos realizo esta técnica e há um ano, tenho ela como minha profissão”, diz.

O grafite surgiu com o movimento hip-hop e seu dia é comemorado em 27 de março, em homenagem ao falecimento do artista plástico Alex Vallauri, que foi um dos maiores precursores do movimento no Brasil. Através do grafite, o artista cria uma linguagem intencional para interferir na cidade, aproveitando os espaços públicos para se expressar artisticamente ou manifestar uma crítica social.

Segundo Moska, a raiz do grafite está na rua. “Eu levo essa filosofia, de levar meu trabalho para as ruas antes de levar para casas, telas e espaços comerciais. A rua é a alma do grafite”, conta. Ainda assim, todos os trabalhos precisam ser autorizados previamente, para que ocorram em conformidade com a lei.

“Muitas pessoas confundem o grafiteiro com a imagem de um marginal. Quase sempre que estou pintando na rua, me denunciam como pichador. As pessoas não conseguem reconhecer o que faço como arte, por conta do preconceito, e acabam confundindo as coisas”, lamenta.

Segundo Moska, a pichação surgiu de outro movimento, o punk. Este movimento utilizava a pichação como forma de revolta e protesto, sendo atribuída como um ato de vandalismo. Já o grafite, apesar de seu lado crítico, utiliza a arte como forma de manifestação e expressão, além de ser visualmente agradável aos olhos.

Reconhecimento

Nos sete anos em que atua, o artista já realizou mais de 60 trabalhos em Riomafra. Dentre os trabalhos preferidos, Moska destaca os muros do Ginásio Wilson Buch, em Mafra, onde cerca de 80% dos desenhos ali expostos foram feitos por ele.

“Esse trabalho fez parte da minha história no movimento. Tive a oportunidade de levar outras pessoas para conhecer o grafite e dar uma mini-aula para eles. Também tive um projeto na Casa da Cultura de Mafra, onde dei aula por 3 anos. Tive alunos que viraram tatuadores, desenhistas e grafiteiros também”, conta.

Para Moska, a maior dificuldade de trabalhar com o grafite é o preconceito. “As pessoas sempre questionam o trabalho dos grafiteiros, acham que não dá lucro e que é impossível ser valorizado. Mas posso dizer que saí de uma empresa, onde estava totalmente estável e hoje, em um curto período de tempo, consigo ganhar o suficiente para viver bem, pagar minhas contas e me sustentar”, conta.

O artista conta que já realizou projetos de urbanismo e design de interiores e que levou seus desenhos para lojas, bibliotecas, restaurantes, cômodos de casas e até eventos, onde é convidado para realizar pinturas ao vivo. Ainda assim, a rua é a sua principal tela, onde o trabalho chega aos olhos de toda a população. “Meu objetivo é não deixar a raiz do grafite morrer e seguir fazendo o que amo fazer”, finaliza.