Justiça corrige erro e reintegra servidores após oito anos; entenda
Absolvidos de crimes que nunca cometeram, Anamaria Witt e Francisco Caetano conseguiram a tão sonhada aposentadoria.


Há oito anos, as vidas de Anamaria Bramorski Witt e Francisco Eduardo Caetano, respectivos chefes dos cartórios da 2ª e 1ª Vara Civil de Mafra, eram literalmente ‘viradas de cabeça para baixo’.
Na época, Anamaria e Caetano foram acusados e condenados por crimes que nunca cometeram: improbidade administrativa, apropriação irregular de dinheiro público peculato e extravio de documento.
Conhecidos por sua integridade e dedicação ao trabalho, a notícia se espalhou rapidamente pela cidade. “A injustiça foi um golpe devastador para os dois, que sempre haviam vivido de acordo com os mais altos padrões éticos e morais”, destacou a Associação dos Analistas Jurídicos de Santa Catarina (AESC).
Mesmo recorrendo, os anos que se seguiram foram de profunda tristeza e sofrimento. Além da condenação, Anamaria perdeu seu emprego, amigos se afastaram e sua reputação foi destruída. “Cada dia era uma batalha para manter a esperança viva”, relembra Anamaria.
Caetano enfrentou uma situação semelhante. Sua vida desmoronou, e ele lutou para encontrar forças para continuar. “A injustiça que ambos enfrentaram os uniu em uma dolorosa jornada de resistência e esperança”, completou a associação, que esteve ao lado da dupla durante todos esses anos.
“Eles jamais foram abandonados pela Entidade que lutou incansavelmente para provar a inocência de ambos. A solidariedade da associação foi um farol de esperança em meio à escuridão”, completa, em nota.
Em paralelo, o suposto caso ganhou ampla cobertura na imprensa local, fazendo com que comunidade visse a dupla com desconfiança e preconceito. “As notícias deixaram nossas vidas ainda mais difíceis, principalmente pelas nossas raízes e familiares na cidade e região”, acrescentou Anamaria.
Após quase uma década, Anamaria e Caetano foram absolvidos em procedimentos judiciais cíveis, criminais e também na esfera administrativa, tendo suas inocências reconhecidas. Anamaria tentou reconstruir sua vida, mas as memórias dos anos de sofrimento a assombravam. Caetano também lutou para encontrar paz, mas o peso dos anos perdidos era esmagador.
Após a absolvição, Anamaria e Caetano conseguiram obter a tão sonhada aposentadoria. Na última semana, em um ato simbólico e cheio de emoção, Anamaria concretizou sua aposentadoria com publicação no Diário Oficial, marcando o fim de uma longa e dolorosa jornada.
“Mesmo com a absolvição, o preço que pagaram foi alto demais, e as feridas deixadas nunca cicatrizaram completamente. No entanto, a lealdade e o apoio da Associação dos Escrivães mostraram que, mesmo nos momentos mais sombrios, a solidariedade e a justiça podem prevalecer”, concluiu a associação.
Mauri, um amigo próximo de Anamaria e Caetano, expressou seus sentimentos: “Sinto a alma lavada, uma sensação que não tem palavras para explicar. Foi uma grande e difícil jornada. Presenciei o drama, as lágrimas de Caetano e Ana, e reconheço que foram fortes o bastante para resistir e sobreviver a tão profunda situação.”