Economia vai mal, mas comunicação está aberta
A alta dos juros era esperada, mas a principal dúvida era a postura do Banco Central para os próximos meses, e a decisão foi manter um discurso flexível.
Reforçando a última coluna, quando questionamos a saúde econômica do país e o futuro do atual governo, o estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, completa afirmando que a alta de um ponto era amplamente esperada pelo mercado, assim como a sinalização de que o movimento continuaria em março.
A principal incerteza estava no que o Banco Central indicaria para os meses seguintes, e a decisão foi manter o discurso mais aberto, destacando que o tamanho total do ciclo ainda não está definido e será guiado pelo compromisso de convergência da inflação à meta. Essa abordagem parece acertada para adotar um tom mais hawkish sem precisar cravar os próximos passos.
O comunicado reforça, mais uma vez, a preocupação com o cenário externo e a questão fiscal, que ganharam relevância desde a última reunião do Copom. Houve um grande estresse nesses fatores, impulsionado pela eleição de Donald Trump e pelo pacote de corte de gastos no Brasil, que só foi aprovado mediante liberação de emendas e, mesmo assim, foi desidratado devido à resistência de alguns ministros. Esse cenário adiciona desafios à convergência da inflação, o que já se reflete nas projeções do Boletim Focus, que mostram uma alta nas expectativas para todo o primeiro semestre.
O que a equipe econômica fará daqui para frente será crucial. Caso apresentem medidas concretas, isso pode aliviar a necessidade de o Copom subir os juros a níveis ainda mais altos. Já há um consenso entre economistas de que a elevação da taxa de juros, por si só, não é suficiente para garantir a convergência da inflação. O que pesa mais é a incerteza sobre o compromisso fiscal e econômico do governo, especialmente em um momento de queda na popularidade, além dos riscos externos associados às políticas de Trump.
No cenário internacional, analistas e banqueiros centrais de outros países foram surpreendidos pela ausência de medidas tarifárias imediatas no início do governo Trump, que havia prometido ações para fevereiro. Como estamos no fim do mês, isso adiciona um fator de incerteza relevante para as próximas decisões do Copom. Diante disso, a estratégia adotada pelo Banco Central, de manter a comunicação aberta, parece acertada, pois dá tempo para avaliar melhor o cenário e agir de forma mais calibrada.
E finalizamos afirmando que segue em comunicação aberta, sim, até mesmo para não correr o risco de se equivocar e ser cobrado futuramente.
E-Consignado
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que o governo pretende criar uma plataforma para ampliar o acesso de trabalhadores com carteira assinada ao crédito consignado com juros menores. O ministro explicou que a medida, que deve se chamar E-Consignado, aproveitará o eSocial, plataforma do governo em que todas as empresas são obrigadas a registrar os dados de seus empregados, para “avalizar” que o trabalhador CLT poderá contratar o empréstimo em qualquer banco, não somente àquelas com que tem convênio. Seria uma espécie de Pronampe da pessoa física.
Contudo, as últimas definições ainda precisam ser ajustadas para que sejam incluídas em um Projeto de Lei (PL) ou Medida Provisória (MP).
TCE/SC de olho
O Tribunal de Contas de Santa Catarina (TCE/SC) enviou aos municípios de Anita Garibaldi, Águas Mornas e Penha, documento solicitando aos controladores internos, informações que tenham usado para justificar os decretos de Estado de Calamidade Pública Financeira decretados pelos prefeitos. O órgão também quer saber quais as medidas emergenciais que foram adotadas para a reorganização das finanças.
Em princípio, as justificativas são de que os recursos em caixa são insuficientes para honrar os pagamentos que ficaram em aberto.
Posse
O novo Procurador de Justiça do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), Andrey Cunha Amorim, toma posse nesta sexta-feira (31). Andrey ingressou no MPSC como Promotor de Justiça em 1996. Passou pelas comarcas de Joaçaba (substituto), Imaruí, Campos Novos, Lages, Joinville e Florianópolis. Já foi Coordenador do Centro de Apoio Operacional Criminal e da Coordenadoria de Inteligência (embrião do atual Centro de Apoio Operacional Técnico). Foi também o primeiro coordenador do GAECO de Joinville e Secretário Geral do Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas (GNCOC).
Saúde da mulher
Santa Catarina tem novas leis voltadas à saúde da mulher. Entre elas estão a fisioterapia para mulheres mastectomizadas, projeto proposto pelo deputado Mário Motta (PSD), outro de autoria do deputado Jessé Lopes (PL), que institui a política de segurança da mulher nos estabelecimentos de saúde. O deputado Rodrigo Minotto (PDT) foi o autor de duas leis, uma que garante atendimento ginecológico a gestantes detentas, outra que reconhece os serviços odontológicos como essenciais em tempos de calamidade pública, para garantir a continuidade dessas atividades em quaisquer circunstâncias. Também foi aprovada a hormonioterapia cruzada, proposta do deputado Sargento Lima (PL), que veda a realização de terapias de redesignação sexual para menores de idade.
Tudo ok
O deputado Padre Pedro Baldissera (PT) vai presidir a sessão da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) que elegerá neste sábado (1), às 14 horas, o novo presidente e a mesa diretiva da casa. Conforme o regimento da Alesc, cumpre essa tarefa o parlamentar com o maior número de mandatos consecutivos. Segundo Padre Pedro, as articulações para a eleição da nova mesa estão bem encaminhadas, com a articulação do deputado Júlio Garcia (PSD), que tem uma habilidade de articulação política respeitada por todos os partidos. Ele chegou a mencionar que esta eleição é uma construção coletiva. Na nova mesa diretora da Alesc, Padre Pedro deve ficar com a segunda vice-presidência.
