A política catarinense virou roteiro da Netflix

Santa Catarina começa a entrar em estado de paralisia. Os atos da gestão se perdem em meio a disputa política. 

 

A política catarinense está em ponto de ebulição. A sequência de acontecimentos nos últimos meses —escândalo dos respiradores, CPI, votação do impeachment, denúncias contra Julio Garcia, buscas na residência oficial do governo, inquérito no STJ— parece tirada de um roteiro da Netflix.

 

Na última semana, ao conceder entrevistas, o governador Carlos Moisés (PSL) disse que uma organização criminosa estaria instalada no governo sugando dinheiro de contratos. Não citou nomes.

 

Em poucos dias o tribunal julgador vai analisar o processo de impeachment, e pode afastar tanto Moisés como a vice, Daniela Reinehr (sem partido) por 180 dias no caso do reajuste dos procuradores. O outro processo de impeachment, dos respiradores, ainda em fase de análise deve ser votado ainda na primeira quinzena de outubro.

 

E ainda tem o inquérito do STJ analisa a participação do governador na compra dos respiradores da China.

 

A nova denúncia oferecida pelo MPF contra o deputado Julio Garcia (PSD), presidente da Alesc e natural sucessor no caso de vacância de Moisés e Daniela, também não é nada boa. Depois de ser denunciado por lavagem de dinheiro, em setembro, Garcia e outras 13 pessoas agora são acusadas pelos crimes de corrupção, peculato e fraude e fraude em licitação.

 

A denúncia diz que a organização criminosa chefiada pelo presidente do legislativo recebia propinas que chegavam a 86% do valor dos contratos.

 

Deputados tentam se afastar de uma polarização Moisés versus Garcia. Governistas dizem que forças políticas estão por trás da queda do governador. Tentam construir uma narrativa de ‘golpe’, mas ainda sem saber muito bem como fazer isso.

 

Santa Catarina começa a entrar em estado de paralisia. Os atos da gestão se perdem em meio a disputa política.

 

As narrativas parecem sempre um passo à frente. E o  cidadão se perde tentando fazer as contas de quanto dinheiro público ‘sumiu’ em cada situação dessas. Como se fosse fácil traduzir roteiro tão complexo.

 

O que se sabe, até agora, é que todo mundo se diz inocente.

 

Queimadas 

O governo catarinense autorizou o deslocamento de bombeiros militares de Santa Catarina para atuar no combate aos incêndios no Mato Grosso do Sul. A corporação sinalizou que tem condições de enviar inicialmente 22 bombeiros com capacitação e equipamentos para o enfrentamento a incêndios florestais. Eles darão apoio pelo período inicial de 10 dias em operação no local e, se necessário, serão substituídos por nova equipe depois deste período.

 

Desmatamento 

Santa Catarina continua entre os estado com níveis inaceitáveis de desmatamento da Mata Atlântica. Durante apresentação dos resultados da Operação Mata Atlântica em Pé III, a Promotora de Justiça Luciana Cardoso Pilati Polli divulgou dados da fiscalização no estado. Em 72,3 % das das 130 áreas fiscalizadas foram flagradas irregularidades. As áreas com irregularidade somam 474,63 hectares, o equivalente a 513 campos de futebol. As multas a serem revertidas no combate ao desmatamento somam R$ 2,5 milhões.

 

Afrouxamento 

Na mesma apresentação, a promotora Luciana Cardoso Pilati criticou o  PL 105.9/2020, do deputado Valdir Cobalchini (MDB), que permite o corte de vegetação sem a avaliação técnica do Instituto do Meio Ambiente. Segundo a promotora, o projeto não respeita o princípio da precaução e impede o controle estatal sobre as ações realizadas no bioma da Mata Atlântica.

 

Força do MDB 

O MDB catarinense terá 205 candidatos a prefeitos e 3.112 a vereadores. O partido já conta com 101 prefeituras e 847 cadeiras nas câmaras. Em 88 municípios os emedebistas irão na majoritária com “chapa pura” . Nos demais coligou com 15 legendas: PSD em 36 cidades, do PL em 31 e do PSDB em 30. PP (25), PSL (13), PT (9), Podemos (8), PDT (7) e Cidadania (5).