Moisés e a política

Em mais de um ano de governo, Moisés não conseguiu uma base na Alesc, os partidários do PSL que o ajudaram se eleger pularam fora do barco e pior, passaram a fazer o mais contundente papel de oposicionistas.

O governador catarinense Carlos Moisés (PSL) foi eleito justamente com um slogan de que por não ser um político não estaria amarrado com a velha política. Em um primeiro momento, com aprovação de mais de 70% das urnas, até conseguiu apoio do parlamento para aprovar mudanças no orçamento e inicial reforma administrativa. Mas foi só.

Em mais de um ano de governo, Moisés não conseguiu uma base na Alesc, os partidários do PSL que o ajudaram se eleger pularam fora do barco e pior, passaram a fazer o mais contundente papel de oposicionistas, a exemplo de Jessé e Ana Campagnolo. Mas o governo vinha sem intercorrências graves. Moisés enxugou a máquina, adotou novas posturas de gestão e tinha a vantagem de um passado político em branco, o que abriu pouca margem para barganhas. Mas em seu colo caiu a pior crise que um governador catarinense já possa ter enfrentado.

No centro das recomendações dos organismos de Saúde e dos setores produtivos, o governador tem tentado agradar a todos, mas sem conseguir controlar as pressões que vêm de dentro do próprio sistema. E o resultado pós coronavírus não será bom para ninguém. As mortes já são computadas, os casos de infectados só cresce e as perdas econômicas virão com ou sem quarentena.

Após desastrosa negociação encabeçada pelo secretário Douglas Borba da Casa Civil, que tentou empurrar a abertura total da quarentena, Moisés teve que voltar atrás, se indispôs ainda mais com o eleitorado bolsonarista, e revelou que assim como o alcaide que se isola no Planalto seu pouco conhecimento pelo subjetivo mundo da política. Na última semana, ao sentar com todos os lados como manda a etiqueta republicana, Moisés esqueceu de se calçar politicamente.

Com um secretariado comandando por uma maioria pouco experiente, coube ao parlamento roubar a cena. Depois de aprovarem uma série de medidas para mitigar a crise causada pelo coronavírus, garantido aplausos e louvores, agora, os deputados empreitam para isolar o governo com a ameaça de derrubarem o decreto do isolamento e com uma sabatina com o secretário de Saúde Helton Zeferino.A abertura do isolamento está vindo a conta-gotas, na estratégia de manter o agrado por todos os lados. Mas se ela não vier com uma boa amarração política, Moisés correr o risco de até agradar, mas para logo depois ficar com todos os ônus que essa crise já promete entregar.

Taxa de ocupação

A taxa de ocupação histórica dos leitos da rede pública catarinense oscila entre 80% e 100%. Após a decretação da quarentena, e também com a suspensão das cirurgias eletivas, essa taxa nas UTIs caiu de 84% em fevereiro para 63,37% em março. O alívio momentâneo nas ocupações dos leitos é importante para que o Estado possa estar a frente das demandas da nova pandemia. Com essa margem, inclusive, é possível tratar mais gente com um risco menor de morte.

“Presidente demonstrou estar atento à situação da pandemia  e conhece os números de Santa Catarina, nós agora temos  que priorizar nossos esforços para minimizar os efeitos”.

Jorginho Melo (PL), ao comentar encontro com Jair Bolsonaro

Verba de gabinete

Diante da urgência em priorizar o combate à pandemia, o deputado Coronel Mocellin apresentou projeto que limita em 15% o uso da verba de gabinete dos deputados estaduais até o fim do ano. A economia seria revertida para a saúde. Mocellin é um dos deputados mais econômicos da Assembleia Legislativa.

Brasileiros no exterior

O Ministério Público Federal (MPF) está tentando repatriar brasileiros isolados na Argentina e no Chile, depois que as fronteiras desses países fecharam por conta da Covid-19. O procurador da República em Chapecó, Lucas Aguilar Sette, obteve informações estarrecedoras, como o relato de brasileiros na Argentina expostos ao tempo e assustados com os fortes ventos, o frio e a neve. Outra situação difícil é a do casal que viajava de bicicleta e está quase sem dinheiro para estadia.

Ganância Vs Segurança

A juíza Mônica Fracari, da 2ª Vara Cível da comarca de Videira, negou o pedido de uma loja que não queria a polícia intervindo na abertura do estabelecimento. A empresa declarou que vende materiais de construção e chocolates e, por isso, poderia manter suas atividades. No entendimento da justiça, entretanto, o funcionamento da empresa colocaria em risco as medidas de afastamento determinadas pelo Estado e poderia abrir um precedente para qualquer loja vender ovos de chocolate.

Secretário da Saúde na Alesc

Quer conhecer as ações do governo para oferecer a estrutura necessária no enfrentamento da Covid-19? Com este objetivo, o Secretário da Saúde, Helton Zeferino, será ouvido pelos deputados catarinenses, na Comissão de Saúde, na próxima terça-feira, 14 de abril, às 14h. O anúncio foi feito pelo presidente da Alesc, deputado Julio Garcia (PSD), na sessão virtual realizada em 7 de abril. O encontro com o Secretário será por videoconferência e foi um requerimento do deputado Bruno Souza (Novo).

Calma

O governador Carlos Moisés pediu cautela na liberação dos setores econômicos. E disse que comércio deve ser reaberto já na próxima segunda. Aeplando para o bom senso: “Se puder fique em casa”.