Previsão para chegada de gás natural em Mafra é até 2023

A informação é do presidente da SCGás, Willian Anderson Lehmkuhl, em entrevista ao jornalista Ewaldo Willerding, correspondente do Riomafra Mix.

Willian Anderson Lehmkuhl, presidente SCGás. Foto: Divulgação

 

 

Engenheiro mecânico formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFS), onde também é mestre em Ciências Térmicas, o itajaiense Willian Anderson Lehmkuhl, 44 anos, está na presidência da SCGás desde 2019, após cerca de 15 anos atuando dentro da distribuidora.

 

Willian iniciou a carreira na empresa em 2005 e, enquanto empregado concursado, atuou na Gerência Comercial; coordenou a área de Tecnologia do Gás e geriu a Assessoria de Segurança, Meio Ambiente e Saúde.

 

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Nesta entrevista à coluna Pelo Estado, ele fala, com orgulho, do maior plano de investimentos da SC Gás em sua história, que pretende chegar a 2024 com mais oferta do produto pelo estado.

 

Também destacou que a próxima região que está no plano de negócio da estatal é o Planalto Norte, incluindo as regiões de Mafra, Canoinhas e Três Barras.

 

A SC Gás comemora um crescimento no consumo. O senhor pode fazer um balanço das ações e uma projeção para os próximos anos?

Em 2020 a empresa começou o ano bastante acelerado em função do ritmo de 2019, quando foi colocado em marcha o maior plano da sua história, com investimento de R$ 410 milhões. Com a pandemia a empresa teve que atender clientes em dificuldades. Colocamos em ação um plano extraordinário onde podemos parcelar as faturas de gás de clientes de diversos setores, renegociamos dívidas, eliminamos penalidades, enfim demos todo o suporte possível. Em 1º de julho, fizemos a revisão tarifária onde a tarifa de gás foi reduzida em torno de 14%. Esse conjunto de fatores deu fôlego naquele momento. No segundo semestre, começou uma retomada e terminamos o ano batendo recordes absolutos. O nosso volume de vendas que chegou a cair 50% no final de 2020 não só tinha recuperado como superado a média histórica.

 

Ao que o senhor atribui essa recuperação?

Essa recuperação aconteceu muito em função da construção civil e do setor cerâmico, um dos nossos maiores consumidores de gás. Mas também teve a questão do dólar, que se por um lado pressiona a nossa tarifa, já que o gás é importado, também impediu a importação de muitos produtos, principalmente da China. Isso favoreceu a produção interna e o consumo de gás natural. A SC Gás terminou o ano melhor do que começou.

 

Como está o mercado de GNV?

Conseguimos avançar também. Tínhamos aproximadamente 130 postos e nosso plano prevê mais 26 no estado. Sendo que um reforço bastante importante na Capital, na Ilha de Santa Catarina. Temos um posto na Beira-Mar Norte, outro na Mauro Ramos e na frente da rodoviária. Até o final do ano a empresa projeta mais dois postos, um em Canasvieiras para atender o Norte da Ilha; e outro na região do aeroporto para atender taxistas e motoristas de aplicativo.

 

Como está a expansão nas demais cidades do estado?

Temos postos no Sul do Estado, na região de Criciúma. Temos no Norte, Vale do Itajaí, e estamos fazendo a rota para Lages, abastecida por caminhões. Temos dois postos na região serrana, pelo Vale do Itajaí, em Indaial, na BR-470; e na BR-282, em Santo Amaro da Imperatriz e Alfredo Wagner. Ou seja, do Litoral à Serra, e do Norte ao Sul, temos todas as rotas atendidas.

 

Qual a próxima região a ser atendida?

A próxima região que está no nosso plano de negócio é o Planalto Norte, região de Mafra, Canoinhas, Três Barras, onde está acontecendo o maior investimento privado de Santa Catarina, com a ampliação das indústrias de papel. O projeto é começar a rede isolada para ser concluída até 2023. Já a região para o Oeste, como fica mais distante das origens das redes de gás, o projeto é fazer como em Lages. A empresa faz redes isoladas e leva o gás através do modal rodoviário, seja comprimido ou liquefeito.

 

Como funciona essa estratégia de redes isoladas?

A construção da rede principal é bastante lenta, por se tratar de uma obra subterrânea com paralisação de trânsito, licenças ambientais, ou seja, uma obra que tem tecnicamente uma complexidade. Além do custo muito elevado. Para se ter uma ideia, o custo médio de implantação de redes de aço é em torno de R$ 1 milhão a cada quilômetro. Então, temos que escolher muito bem cada região a ser atendida. Por isso implantamos as redes em determinada região, criamos um mercado e estimulamos o consumo e levamos o gás no modal alternativo, que é o rodoviário. Quando a expansão da rede principal chegar nessas regiões, o mercado já estará funcionando.

 

Como é pago esse investimento?

Todo o investimento feito pela SC Gás é pago pelo próprio gás vendido. Não existe aporte de recursos de governo, de impostos ou de qualquer outra natureza que não seja a própria venda do produto. Por isso, hoje temos uma sistemática que nos permitiu aprovar, lá em 2019, o maior plano de investimento da história. São aproximadamente R$ 410 milhões de investimento, que nos permitirá fazer cerca de 410 quilômetros de expansão de rede, sendo que a gente tem hoje, depois de 25 anos de fundação, 1.200 quilômetros e vamos fazer mais 410 até 2014. Ou seja, vivemos um ciclo de aceleração de investimentos.

 

O que justifica essa aceleração de crescimento?

Em primeiro lugar um mercado demandante. Santa Catarina é um caso impressionante. Vem crise e vai crise e as diversas regiões continuam crescendo, demandando. Por isso vale muito essa aposta na infraestrutura. Mas outro fator importante é o avanço na segurança jurídica e regulatória das concessões em Santa Catarina. Nosso estado avançou muito neste aspecto, eu rendo minhas homenagens à agência regulatória, a Aresc, que tem feito um excelente trabalho neste sentido.

 

A SC Gás está fazendo chamamentos públicos, qual o objetivo?

No Brasil, temos a prevalência da Petrobras. O que nós vivemos é um movimento de abertura do mercado onde a Petrobras deixa de ser o único fornecedor e abre espaço para que outros agentes internacionais ou mesmo nacionais possam trazer o produto para gerar algum grau de concorrência, utilizando essa estrutura que é originalmente da Petrobras. Então, como o gás natural flui por dutos, o grande desafio não é ter o produto para ofertar, é ter o duto. E o duto tem dono. E esse dono é a Petrobras. Então esse processo de abertura de mercado significa a Petrobras recuar um pouco e permitir que outros agentes utilizem essa estrutura.

 

O consumidor por ficar tranquilo de que não há risco de desabastecimento?

Não há risco de desabastecimento, o sistema é robusto para garantir a todos os volumes que estão contratados. Esse movimento que a gente está fazendo é para garantir gás adicional ou para anos mais à frente. O gás é uma fonte de energia que, dentro dos combustíveis fósseis é o mais limpo, menos impactante ao meio ambiente, uma energia da transição do petróleo para as energias renováveis. No segmento veicular, é mais barato; para as residências, traz conforto porque não tem que ficar trocando botijão; e na indústria, reduz custo de produção. O gás natural é um fator de desenvolvimento.