Raio-X das urnas: MDB ainda é o maior; PL não triunfa e PT se isola

Em meio à pandemia, sem o tradicional corpo a corpo, ficou claro que as campanhas mais ricas prevaleceram, principalmente nas grandes cidades.

 

As eleições do último domingo (15), apontaram para algumas tendências políticas até então não confirmadas. Em meio à pandemia, sem o tradicional corpo a corpo, ficou claro que as campanhas mais ricas prevaleceram, principalmente nas grandes cidades. A máquina —aqueles que já estavam no poder de alguma forma— também parece ter influenciado.

 

O bolsnarismo não emplacou como se imaginava, mostrando que a receita que elegeu Jair Bolsonaro (sem partido) em 2018, de jargões fáceis e postura afrontosa não colou onde as campanhas precisam ser mais intimistas, nos municípios.

 

O MDB, maior partido no estado encolheu no número de prefeituras, passando de 100 municípios para 96 administrações. PSDB (-7), PT (-9), PSB (-9) e PSD (-17) seguiram o mesmo caminho com perdas de cargos no executivo.

 

O PL de Jorginho Mello, que lançou candidatos nas principais cidades e contava com a aproximação do senador ao presidente, foi o partido com maior crescimento em números absolutos de prefeituras, de 12 para 17, mas não triunfou nas grandes cidades e vai governar para 2,99% dos catarinenses. O PT, praticamente se isolou no Oeste, com exceção de Angelina e Santa Rosa de Lima, as demais 9 cidades do partido estão no oeste e representam 0,74% da população.

 

Apesar do encolhimento, o MDB segue sendo o partido com maior representação,e vai governar em prefeituras que somam 25% dos catarinenses. PSD, PSDB, Dem e PP, na sequência, sem a ordem de representatividade.

 

Queridinho 

Chapecó elegeu João Rodrigues (PSD) pela terceira vez. O candidato que já foi hóspede por cinco meses na Papuda e só conseguiu concorrer após uma liminar no STF provou que tem a confiança do eleitorado da capital do velho-oeste catarinense. Rodrigues ficou com 47,66% dos votos. Cleiton Fossá (MDB) fe 20,72% e Claudio Vignatti (PSB) 19,50%.

 

Político profissional

Eleito para o 11º mandato, o vereador Pitanta (PSD), se isolou como o mais antigo do Brasil em mandatos consecutivos. Eleito pela primeira vez aos 20 anos, agora, aos 66, está prestes a completar 44 anos de legislativo. Curioso é que a base eleitoral do vereador, no sul de Palhoça, não tem saneamento, parte da água que chega é captada em terra indígena e o maior conflito que ele é chamado para resolver giram em torno das invasões do parque da Serra do Tabuleiro.

 

Primeiro Turno 

Gean Loureiro (DEM) levou a eleição na Capital com 53,6% dos votos no primeiro turno. Fazia 24 anos que a Capital não tinha uma reeleição em rodada única. A grande derrota ficou por conta de Angela Amin, do PP, que ficou em quarto lugar. Elson Pereira (PSOL), que chegou na segunda posição, demonstrou que a esquerda na Capital tem fôlego, mas faltou aquele gás final.

 

Voto a voto

Disputa apertada mesmo foi em Lages, que reelegeu Antônio Ceron (PSD) com 34,41% dos votos contra 34,34% de Carmen Zanotto (Cidadania). A diferença de votos entre os dois candidatos foi de apenas 56 votos. Ceron garante administração importante para o PSD no estado. Carmen, que chegou a recusar a Secretaria de Saúde do Estado segue como deputada federal em Brasília.

 

Zero a Dez

O partido Novo saiu de zero vereadores para 10 cadeiras nos legislativos municipais. Teve conquista importante, no legislativo de Florianópolis, e também está no segundo turno, pela prefeitura de Joinville com Adriano Silva, que vai disputar com Darci de Matos (PSD).

 

Ozônio

Em Itajaí, Volnei Morastoni, do MDB, se reelegeu com 47,98% dos votos em uma disputa apertada com Robison Coelho (PSDB), que ficou em segundo lugar, com 44,95%. A diferença entre os candidatos foi de 3.154 votos. Morastoni ganhou holofotes ao anunciar tratamento para covid com ozônio, via retal. Ele é médico e foi eleito pela primeira vez em 1989 pelo PT, à Câmara de Itajaí, onde ficou até 1994.