Secretário de Infraestrutura destaca compromisso com a transparência

Thiago Vieira fala sobre como pegou a secretaria e os desafios para reestruturar o órgão; e como pretende deixar a pasta após seu reaparelhamento e a entrega das ações previstas.

 

O tenente-coronel da Polícia Militar do Estado de Santa Catarina, Thiago Augusto Vieira, assumiu a secretaria de Infraestrutura do Estado após oito meses como adjunto e passagem pela secretaria de Administração.

 

Pós-graduado em Ciências Penais pela Universidade Anhanguera-Uniderp, bacharel em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina e em Segurança Pública pela Universidade do Vale do Itajaí, ele usa toda a sua experiência à frente de uma das pastas mais sensíveis e importantes do governo Carlos Moisés.

 

Com ações em todas as regiões de Santa Catarina e previsão de investimentos de até R$ 5 bilhões nos próximos anos, ele projeta um futuro promissor e entrega que, mesmo se não acontecerem em sua gestão, ficarão de legado para o estado.

 

Nesta entrevista exclusiva à coluna Pelo Estado, Thiago Vieira fala sobre como pegou a secretaria e os desafios para reestruturar o órgão; e como pretende deixar a pasta após seu reaparelhamento e a entrega das ações previstas.

 

Confira a entrevista:

 

O senhor pode fazer um balanço das ações à frente das pastas?

Eu poderia começar respondendo sobre as série de dificuldades que encontramos quando assumimos a secretaria da Infraestrutura, tamanho o sucateamento. Sequer tínhamos software para fazer a fiscalização de um projeto ou avaliar um projeto. Mas olhando pra frente, a gente reestruturou e fortaleceu órgão. O que isso representa para o cidadão: que você não consegue entregar uma obra no prazo e com qualidade se não tiver um órgão forte, que consiga fazer as exigências necessárias para a empresa contratada. Nesses dois primeiros anos, a gente teve um ganho de gestão que potencializa a entrega de resultados. Incluímos em nossos quadros mais de 110 engenheiros e passamos a capacitar e a aparelhar o órgão. Junto a isso, aumentamos a capacidade de investimento. Eu estou falando de rodovia, hospital, escolas, quartel de polícia e uma série de outras obras.

 

Sobre os dois primeiros anos, o que foi feito?

Temos obras emblemáticas em várias regiões do estado. Na região Norte, temos o exemplo da BR-280, que apesar de ser uma rodovia federal, tem um trecho estadualizado, em Jaraguá do Sul. A obra nunca saía do papel e agora está praticamente completa. Finalizamos o acesso de Guaramirim e terminaremos nosso compromisso em maio. Mas vamos lançar um novo pacote de R$ 50 milhões para finalizar alguns viadutos que não estavam previstos neste contrato. O investimento total será de R$ 200 milhões, com recursos próprios. Recursos dos catarinenses, que pagaram seus tributos e estão vendo ser alocados para onde deveriam. Tem ainda o acesso industrial de Joinville; o acesso ao aeroporto de Florianópolis e a SC-401, as pontes da Capital; no Sul, a ponte do rio Araranguá, com tanto tempo de espera. A ponte da rodovia Jacob Westrup, entre Forquilhinha e Maracajá; o contorno de Içara, o acesso ao aeroporto de Jaguaruna. A Serra do Rio do Rastro, nosso grande cartão postal, uma demanda antiga.

 

No Meio-Oeste, entregamos a SC-120, entre São José do Cerrito e Curitibanos; a rodovia Jaborá-Ouro. Estamos entregando acesso a Luzerna, Herval D’Oeste e Joaçaba, com R$ 12 milhões; ainda a restauração da rodovia entre Matos Costa e Porto União, que estava intransitável, e hoje quem passa pelo local tem garantia de segurança e trafegabilidade. No Oeste, o contorno oeste de Chapecó e o contorno de Maravilha, que ainda tem uma pendência da prefeitura com o TCE, mas que de fato é uma obra. No Extremo Oeste, temos a SC-283, outra demanda antiga, que estamos iniciando os trabalhos. Enfim, para cada região temos um conjunto de obras.

 

O que está previsto para 2021/22?

Todo esse investimento é pequeno se comparado ao que vem para o final do segundo semestre e começo de 2022. Nós fizemos um investimento de mais de R$ 40 milhões em projetos, que precisam de prazos. Estamos com uma série de ordens de serviço à espera da finalização dos projetos. Tão logo eles fiquem prontos, começaremos outras obras. No total, temos R$ 5 bilhões em obras e sem novos tributos e nem novas receitas. O segredo é gestão e transparência, e colocar o dinheiro no lugar certo. É bem simples. Posso dar um exemplo: a rediscussão dos contratos com a pasta em 2020 rendeu R$ 31 milhões de economia. Antes isso não acontecia. O nosso compromisso é com a transparência, com a lisura do processo Em selo, papel e impressora foram economizados quase R$ 40 milhões. Em resumo, não houve milagre, houve, sim, o compromisso de valorizar o dinheiro público. Acho que 2021 é promissor. Temos o programa Novos Rumos, com investimentos de R$ 5 bilhões. Para cada região do estado temos obras mapeadas.

 

O senhor acha que o governo Moisés terá tempo para executar as obras?

Qualquer ser humano que tenha condições de entregar uma obra que vá melhorar a vida das pessoas, com certeza ele terá o prazer de fazer. Mas nós não estamos preocupados em colocar nosso nome na placa. Prova disso é que a maioria dessas obras não terá tempo hábil de entrega até o final deste governo. Mas é um processo de estado, não de governo.

 

Dentro dessas ações está ainda a decisão polêmica de aportar R$ 200 milhões de recursos estaduais na BR-470. Os empresários estão aplaudindo, mas há deputados criticando. O que há de técnico e o que há de político nessa polêmica?

O primeiro aspecto que temos que abordar é desmistificar e acabar com essa narrativa sobre rodovias estaduais e rodovias federais. São situações diferentes. Em nenhum momento nós estamos tirando dinheiro de rodovias estaduais. Enquanto numa obra federal já tem projeto, licitação e empresa contratada, e só falta o recurso para virar agenda; nas rodovias estaduais ainda estamos elaborando projetos. As pessoas precisam entender que vamos usar tributos dos catarinenses para resolver um problema no nosso estado, parar de ceifar vidas. E gerar emprego e renda. Se fossemos formalistas ao extremo, não poderíamos fazer convênio passando R$ 30 milhões para a construção de um centro de eventos em Blumenau. Só em 2020, foram R$ 250 milhões para obras municipais, em forma de convênio. Então, se fossemos formalistas, não poderíamos aplicar recursos nem na obra federal nem no município.

 

Como estão os aeroportos de Santa Catarina?

Nós pegamos 19 aeródromos e aeroportos, sendo que 8 deles estavam em estado de interdição e hoje temos apenas dois ainda com problemas. Os aeródromos, de pequeno porte, têm que ser voltados para o fomento da economia, para que um empresário, por exemplo, que tenha interesse em investir em determinada região, não precise enfrentar quilômetros em rodovias para chegar onde ele pretende investir. Nesses aeródromos, buscamos regularizar e conferir balizamento noturno. Essa é nossa meta até 2022. Deixar todos em condições de operações noturnas. Mas o grande fomento da aviação regional se dá com as linhas regulares nos aeroportos maiores. E nossa prioridade zero era Correia Pinto. Fizemos a certificação e em 2021 vamos ter operação. Mas o estado entende que não tem pernas para tocar Correia Pinto, Caçador, Joaçaba, Chapecó e Jaguaruna ao mesmo tempo.Então, trabalhamos Correia Pinto; depois Jaguaruna, onde vamos fazer a concessão. De todos, Chapecó era o único superavitário, mas entendemos que o melhor seria a concessão, em parceria com o município. Em Caçador, investimos R$ 2,5 milhões em equipamentos e temos, junto com o município, garantidos R$ 18 milhões em investimentos, pela SAC do Governo Federal. Para Joaçaba, já temos os recursos para a melhoria da pista. Teremos o maior investimento no modal aeroviário da década.