Polícia Civil conclui investigação sobre duas mortes ocorridas em menos de 24 horas
Consumo de bebidas alcoólicas, relação extraconjugal e a interrupção do velório de uma das vítimas, para exames no corpo, marcaram o caso. Entenda.


A Divisão de Investigação Criminal (DIC) da Polícia Civil concluiu as investigações sobre as mortes de Ângela Maria Kazmierczak Partala e Gerônimo Kosmala, ocorridas no mesmo local, em um intervalo de menos de 24 horas, em Itaiópolis.
Os casos aconteceram no mês de maio, em uma casa às margens da SC-114, na localidade de Santos Dumont.
O primeiro óbito foi registrado na tarde do dia 19, quando Ângela foi encontrada aparentemente desacordada, em sua casa. Os Bombeiros Voluntários foram chamados, mas, apesar das tentativas de reanimação, a mulher já estava em óbito. No dia 20, na mesma casa, Gerônimo foi encontrado sem vida.
Segundo a Polícia Civil, como as vítimas estavam envolvidas em um relacionamento extraconjugal, o caso demandou uma investigação criteriosa. “O objetivo foi esclarecer todas as possíveis hipóteses e fornecer respostas aos familiares e à comunidade”, disse, em nota.
Entre os documentos produzidos, a Polícia Científica elaborou laudos periciais das duas vítimas. “O laudo de necrópsia de Ângela indicou que a vítima apresentava lesões corporais anteriores à sua morte, sugerindo possível violência doméstica. Já o laudo de Gerônimo apontou diversas comorbidades que sugeriam a possibilidade de morte natural. As análises periciais foram fundamentais para compreender os eventos que envolveram Ângela e Gerônimo, trazendo à tona detalhes que contribuíram para o esclarecimento dos fatos”, destacou a investigação.
Ainda, segundo a Polícia Civil, exames toxicológicos detectaram a presença de etanol nas vítimas, além de dipirona e metformina no corpo de Ângela. “Destaca-se que a presença de metformina é justificada, uma vez que Ângela era diabética. O etanol indica que tanto Ângela quanto Gerônimo ingeriram bebidas alcoólicas, algo confirmado por testemunhas”, informou.
No dia da morte de Gerônimo, a Polícia Civil apreendeu na casa recipientes que poderiam ter sido utilizados em um possível envenenamento, no entanto, a perícia descartou a presença de substância tóxica nos materiais.
“Durante a investigação, foi revelado que Ângela frequentemente buscava refúgio na casa de Gerônimo após discussões com seu marido, Alcemir Partala, devido, aparentemente, a episódios recorrentes de violência doméstica. Testemunhas relataram que a relação de Ângela com Alcemir era marcada por agressões, motivando-a a procurar abrigo na casa de Gerônimo em várias ocasiões”, detalhou a investigação.
Ainda, segundo apurou a investigação, através de relatos de testemunhas, as duas vítimas consumiam grandes quantidades de bebidas alcoólicas quando estavam juntas. “Na véspera da morte, Ângela apresentava hematomas e sinais de agressão, conforme fotos obtidas junto a familiares”.
Velório interrompido
O velório de Ângela chegou a ser interrompido para que o corpo fosse encaminhado à perícia.
“Isso ocorreu devido aos indícios de crime, que surgiram posteriormente. Como o corpo havia passado por um processo de tanatopraxia, isso pode ter comprometido a precisão da avaliação das lesões encontradas durante a necrópsia, dificultando a identificação clara dos sinais de violência e, consequentemente, impactando o trabalho dos peritos”, explicou a investigação.
Homicídio descartado
De acordo com a Polícia Civil, apesar das suspeitas sobre pessoas envolvidas, desaparecimento de documentos e o ambiente conflituoso na casa onde ocorreram as mortes, os elementos coletados não apontaram para homicídios.
“As situações de violência doméstica sofridas por Ângela, as condições de saúde debilitadas de Gerônimo e o consumo de álcool foram fatores que contribuíram para a complexidade do caso. No entanto, faltaram evidências concretas que pudessem comprovar o envolvimento de terceiros nos óbitos, e essa ausência de provas determinou o desfecho da investigação”, destacou a polícia.
Mulher sofria violência doméstica
A investigação também apurou que a mulher foi vítima de violência doméstica e familiar, praticada pelo marido. “Contudo, Alcemir também faleceu recentemente, resultando na extinção de sua punibilidade”, concluiu.
O inquérito policial será encaminhado ao Poder Judiciário para análise. “A Divisão de Investigação Criminal reafirma que todas as etapas foram conduzidas com rigor técnico e imparcialidade, buscando sempre a verdade dos fatos. A Polícia Civil reafirma seu compromisso com a transparência e agradece à comunidade pela colaboração”, concluiu.
Com informações da Polícia Civil.