Empresário encara isolamento como desafio e compartilha estratégias com empreendedores

Assim como muitos empreendedores riomafrenses, o empresário Ricado Pereira vem se deparando com um cenário de grandes dificuldades. Diante de

Assim como muitos empreendedores riomafrenses, o empresário Ricado Pereira vem se deparando com um cenário de grandes dificuldades. Diante de uma ameaça de proporção global como a transmissão do coronavírus, desde o dia 18 de março ele foi obrigado a paralisar as atividades do Strike R4, um dos principais estabelecimentos de entretenimento de riomafra.

No entanto, Ricardo resolveu ter um novo olhar sobre as incertezas trazidas para o empreendimento. Com o intuito de superar o potencial prejuízo trazido pela suspensão das atividades, o empresário resolveu criar um projeto para compartilhar práticas de gestão e estratégias de ação durante o período de isolamento social.

O projeto intitulado “Os próximos 100 dias de trabalho e desafios”, propõe também um olhar empreendedor sobre a dificuldade que se apresenta, para que empresários aproveitem o momento para adquirir novos conhecimentos e possam voltar a prosperar. Em entrevista ao Riomafra Mix, Ricardo explicou como irá funcionar a proposta compartilhada nas redes sociais da empresa, como pretende manter as atividades em seu segmento e as perspectivas para o futuro dos empreendedores locais.

Como surgiu a ideia em desenvolver o planejamento dos 100 dias?
RP: Dois a três dias antes do fechamento do comércio em Santa Catarina, que ocorreu dia 18, percebi mudanças no fluxo de clientes e faturamento, pois a intensidade das informações aconteceram no fim de semana que antecedeu o fechamento. Interrompemos o atendimento mesmo sem o Paraná ter emitido decreto, porque nos preocupamos com as notícias do Estado vizinho. Após acompanhar o noticiário, as orientações das associações comerciais, ouvir algumas opiniões de empresários e conversar com algumas lideranças, imaginei que isso teria um fim, ninguém saberia por quanto tempo o comércio ficaria fechado, mas uma coisa eu sabia, um dia isso iria terminar e as pessoas teriam que voltar à rotina e reconstruir muita coisa. Então decidi que eu não precisaria reconstruir nada, mas sim estar preparado para o retorno, com os compromissos financeiros em dia, com a redução de despesa no período que estivesse fechado e com muita negociação com os fornecedores. Após uma imersão em conteúdos de gestão e administração, percebi que o SEBRAE tinha muitas informações sobre o tema, assim como várias consultorias. E todos abordavam o tema da mesma forma! Assim decidi fazer um plano de 100 dias para avaliar a performance da empresa, fluxo de caixa e novos serviços que poderíamos oferecer. Surgiu assim o plano.

Sua proposta foi intitulada “Os próximos 100 dias de trabalho e desafios”. De que forma o entendimento deste período como um “desafio” reflete também uma proposta de nova mentalidade para o riomafrense?
RP: A tendência natural das pessoas é manter-se na zona de conforto, as mudanças ocorrem, na maioria das vezes quando uma ameaça desafia o status quo. Provavelmente grande parte da população, manteria sua rotina ao longo do ano, as empresas buscariam o mesmo lucro e as mais ousadas teriam grandes metas e acredito que já estavam buscando melhorias. Infelizmente, o desafio veio diante de uma situação que traz riscos à saúde das pessoas, coloca em risco a integridade de colaboradores, familiares, amigos e de toda a sociedade. Temos que extrair de tudo isso o máximo de aprendizado, rever se a forma que estávamos gerindo nossas empresas estava correta, se demos a atenção necessária ao nosso funcionário, se nossa rotina permitia uma vida saudável, se nosso papel social estava correto e, principalmente, o que queremos ser e fazer após tudo isso. Como nos prepararemos para os próximos desafios que virão pela frente, sejam eles climáticos, econômicos ou sanitários. Nunca passamos por isso e vamos desejar nunca mais passar, mas temos que nos preparar melhor e parar de terceirizar a culpa.

Durante os 100 dias que você planejou, haverá um novo olhar tanto sobre seu empreendimento, quanto sobre a gestão empresarial como um todo. O que você pretende buscar e apresentar de novidades para o segmento do entretenimento?
RP: Nosso modelo de entretenimento foi desenhado para que, num mesmo local, tivéssemos opções para toda a família e para as mais diferentes idades. A combinação de alimentação, bebidas e entretenimento no mesmo momento, nos possibilitou chegar até aqui. Com o isolamento, necessário para evitar o contágio em massa, perdemos o contato com o público e, com isso nossa atividade principal. Por isso, foi necessário fazer uma correção no que eu chamo de Plano de Voo, vamos ajustar a rota com novos serviços, o principal deles o delivery. Vamos fornecer alimentação saudável durante o almoço e disponibilizar nosso novo cardápio durante a noite, com o objetivo de levar o STRIKE R4 para a casa das pessoas. Queremos dar um toque especial, com diferentes opções, para que nossos clientes percebam que essa é a marca do STRIKE R4. Mudaremos agora para quando retornarmos, oferecer novas atrações para nosso público. Já estamos levando os custos e viabilidade de opções de lazer e diversão. Novos games e simuladores devem ser as grandes novidades.

E o que pretende compartilhar de novidades para a gestão empresarial em geral?
RP: Nosso desafio é igual a milhares de empresários do país e até do mundo. Quando desenhei a ideia, surgiu a necessidade de compartilhar com os demais, dia a dia, porque a proposta é contar como estamos fazendo, onde estamos buscando informações e inspirações para não desistir. Espero receber dicas de outros empresários, debater temas complexos e compartilhar boas práticas. O resultado é incerto, mas as ações serão direcionadas ao sucesso. Nenhum conhecimento é válido se não for compartilhado, hoje temos inúmeras fontes de informações, vou resumir algumas, aplicar na gestão e levar ao conhecimento do público. Usar a teoria de muitos pensadores e ver na prática seu resultado. Sempre que realizar uma ação, análise e diagnóstico, publicaremos nas redes sociais, criaremos um arquivo passo a passo e, esperamos que ao fim de 100 dias tenhamos resultados positivos.

A partir dos dilemas e aflições compartilhados pelos empresários nos últimos dias, qual prognóstico você faz para o comércio riomafrense em geral, ao final dos 100 dias?
RP: O que vem pela frente são momentos difíceis para todos, por isso a necessidade de nos prepararmos para enfrentar talvez uma recessão, cortar todos os gastos possíveis, reduzir o que é essencial e não pode ser cortado, negociar com seus fornecedores, buscar alternativas mais baratas, são algumas dicas do psicoterapeuta Luiz Fernando Garcia. Será uma oportunidade para repensar tudo que fizemos até hoje e nos perguntarmos, por que não estamos melhores? Por que não estamos independentes e preparados para essa crise? Ao final de 100 dias eu espero estarmos melhores do que estamos hoje e pelo menos ter feito tudo que estava em nossas mãos para enfrentar essa crise, pois já sabemos que se nada for feito, se novos caminhos não forem trilhados e novos serviços não forem criados dentro de nossas empresas, vamos ser engolidos pela crise, assim como aconteceu na grande depressão de 1929, na crise da dívida dos países da América Latina em 1980, a bolha imobiliária e das ações no Japão em 1985 e tantas outras que findaram com empresas, empregos e famílias mundo afora.

Qual diferencial você acredita que empresários e empresas precisam ter neste momento, para superar a crise vindoura?
RP: Acredito que humildade para reconhecer suas ameaças e fraquezas. Realizar uma análise clara de seu fluxo de caixa, descritivo de suas despesas, origens de suas receitas e pensar nos próximos passos, sejam eles de 1 dia, 10 dias ou 100 dias, mas isto precisa estar claro para o empresário. Estamos recebendo ou procurando, uma carga excessiva de informação, e que muitas vezes são para intrigar e são falsas, confundindo-nos no momento de tomar as decisões. Temos que ser imparciais politicamente, respeitar a legislação que está em vigor, seguir todos as recomendações sanitárias para garantir a saúde de todos que estão à nossa volta. Somos todos responsáveis pela saúde da sociedade onde vivemos.
É imprescindível acreditar na força do trabalho, ter o controle da ansiedade, pensar muito antes de tomar as decisões, não deixar para amanhã tudo que pode antecipar para hoje, ouvir seus funcionários, pessoas do mesmo ramo, clientes e fornecedores, somente assim você terá a visão do todo, de todas as perspectivas. Quando as coisas melhorarem e, irão melhorar, temos que fortalecer o comércio local, prestigiar quem com tanto trabalho se dedica para nos atender, que luta para entregar produtos e serviços de qualidade com bom atendimento. E lembre-se, o diferencial é você e as pessoas que lhe ajudaram a construir sua marca ou empresa, são seus clientes, colaboradores e fornecedores.