Noivos convivem com a incerteza em tempos de coronavírus

A suspensão das cerimônias religiosas e festividades atingiu diretamente o segmento de organização de eventos e cerimonial.

A pandemia do coronavírus cancelou muitos planos pelo mundo todo. Mas certamente dentre os mais sentidos, estão os planos e investimentos realizados por casais que tinham a data do tão sonhado “sim” agendada para os meses em que foi decretado o isolamento social e medidas de prevenção à Covid-19. 

De acordo com informações do cartório de registro civil de Rio Negro, o número de proclamas de casamento civil sofreu redução após o início da pandemia. No entanto, as cerimônias continuam sendo realizadas, sendo permitida a entrada do casal e duas testemunhas para o enlace. Segundo funcionários, apenas casais que pretendiam realizar cerimonia festiva acabaram optando pelo adiamento do casamento na esfera legal.

Já a suspensão das cerimônias religiosas atingiu diretamente o segmento de organização de eventos e cerimonial. De acordo com o empresário Valdecir Munhoz, cerca de 4 eventos por final de semana e que aconteceriam entre os meses de março e abril tiveram de ser cancelados ou remarcados. “Acredito que a retomada de reuniões e eventos poderá acontecer somente a partir de julho e com restrições”, avalia o cerimonialista.

Com casamento marcado para o dia 21 de março, os noivos Letícia Willner e Thiago Rodrigues acompanharam o encerramento das atividades não essenciais na semana da cerimônia religiosa. “Dois dias antes do decreto do Governo do Estado em proibir aglomerações, a gente optou por cancelar o casamento”, conta a noiva. Segundo ela, o casal optou pela preservação da saúde dos amigos e convidados, pois já sentiam a apreensão que vinha se criando entre as pessoas por conta da disseminação do vírus.

Os prejuízos com a cerimônia remarcada foram inevitáveis, mas muitos fornecedores ofereceram a possibilidade de atender em nova data. Com isso, o casal planeja comemorar com os amigos em data futura, marcada para 2021. “Hoje meu coração não doí pela festa que ainda não aconteceu. Só espero que todos estejam bem e com saúde quando a festa puder acontecer”, diz Letícia.

Depois de cinco anos de namoro e um ano e meio preparando a recepção dos amigos, o casal Josiane Skrepitz e Ermelindo Barbetta teve que adiar a cerimônia marcada para o dia 30 de maio. Os 250 amigos e familiares que iriam compartilhar da felicidade com o casal terão que esperar até abril de 2021, quando os noivos esperam finalmente poder celebrar a união.

Assim como aconteceu com muitos casais, Josiane e Ermelindo tiveram alguns prejuízos com o adiamento, mas para ela, o maior desafio é vencer o prejuízo emocional. “Ficamos abalados alguns dias, conforme o vírus se espalhava e a notícia ganhava cada vez mais força, víamos nosso sonho se distanciar. Mas não pensamos muito para adiar a data, afinal as pessoas que nós amamos estariam presentes”, observa.

Para ela, a sensibilidade dos fornecedores e o apoio do cerimonialista ajudam muito a superar o momento de incertezas. “A ajuda do assessor foi de extrema importância pois o cerimonial entrou em contato com cada fornecedor para resolver o problema e ainda nos deu amparo emocional para seguir com nosso sonho, pois esperamos tanto tempo, escolhemos cada detalhe com muito carinho”, conta.

Para Valdecir, o cerimonialista tem papel fundamental em momentos como este, uma vez que ele trabalha na realização de um sonho do casal. “Além deste apoio, temos trabalhado via Whatsapp e videoconferência para reorganização dos eventos”, explica.  Segundo ele, a maior parte dos casamentos adiados no período terá de ser realizada somente em 2021, devido aos contratos já estabelecidos por fornecedores para outros eventos em outras datas deste ano.

Valdecir conta que alguns noivos preferem não esperar o dia do “sim” e com isso, encontram também formas criativas de celebrar o matrimônio. “Para não passar em branco, alguns noivos realizam a cerimônia transmitida em videoconferência para os convidados, mas com a promessa de uma festa futura para aí sim receber os abraços dos amigos”, conta.

Apesar dos decretos governamentais que liberaram as atividades religiosas com os devidos cuidados de prevenção, ainda não há previsão para retomada das cerimônias de casamento, batismos, comunhão e crisma das igrejas católicas. Dentre as comunidades evangélicas, diversas já confirmaram que não deverão realizar celebrações e reuniões com aglomeração e pessoas neste momento.