Pintor letrista mantém viva a tradição nas ruas de Riomafra
Mais conhecido pelo apelido “Rato”, Valcionir persiste “à moda antiga” em uma profissão praticamente extinta pela tecnologia.


Ao andar pelas ruas de Mafra e de Rio Negro, ainda é possível encontrar faixas e letreiros nas fachadas das lojas ou nas praças públicas, cujo trabalho foi todo feito à mão. Por trás dessas produções está o mafrense Valcionir Gschwendtner, um dos últimos pintores letristas da região.
Mais conhecido como “Rato”, o artista se mantém na profissão há mais de 35 anos, tornando-se referência em um ofício que, após a evolução da tecnologia, está praticamente extinto.
O tempo passou, e a chegada da tecnologia transformou a profissão, mas o artista decidiu perpetuá-la “à moda antiga”. “O cliente passa o que deseja e, com base nisso, visualizo o que fica melhor, imagino como quero que fique e entrego o serviço”, diz.
Valcionir conta que o talento vem desde a infância: na escola, fazia os desenhos mais caprichados da turma. À medida que os anos passaram, a fama de desenhista também o acompanhou. Com o tempo, surgiram os primeiros trabalhos, e ele aproveitou seu dom para se estabelecer na profissão.
Apesar de todo o talento para as pinturas, sua aspiração, quando menino, era ser jogador de futebol. “Eu nasci com esse dom, mas meu sonho era ser goleiro. Até joguei por um tempo; quando precisei abdicar do esporte, me dediquei à pintura.”
No auge da profissão de letrista, por volta das décadas de 80 e 90, o artista conta que atuavam mais de 10 profissionais em Mafra e Rio Negro. “No momento, sou um dos últimos que mantém o ofício. O último dos moicanos”, observa.
O letrista ainda revela que nunca encontrou alguém que desejasse seguir na profissão, mas acredita que força de vontade e dom são pontos essenciais para ter sucesso no ramo. “Tomara que apareça alguém para me substituir, porque eu já estou ‘encerrando’ o expediente”, brinca.
Além do futebol, o artista também se aventurou na política: candidatou-se nas eleições municipais de 2016, mas não foi eleito. Em 2020, ficou como suplente. Ambas as disputas foram em Mafra, para o cargo de vereador.