Rio Negro: 154 anos de tradição, cultura e resiliência
Traços como a proximidade e parceria com Santa Catarina e a imigração dos povos alemães são fortes marcas na história do município.


Luta, resiliência e alegrias são as características que constituem a trajetória de Rio Negro, que comemora 154 anos de emancipação política nesta sexta-feira (15).
Grande parte do crescimento da cidade pode ser atribuída aos povos alemães, que imigraram para o município, o tornando um dos primeiros a receber os colonos germânicos no Paraná. Hoje, Rio Negro se destaca como o único município do Brasil a contar com uma colônia de imigrantes alemães bucovinos.
Através desses povos, Rio Negro se consolidou como um polo de riqueza, com destaque para a produção e beneficiamento de tabaco e madeira, além de indústrias fortes e uma pecuária de corte e leiteira pujante.
A história do município teve início a partir da construção da Estrada da Mata, que ligava São Paulo ao Rio Grande do Sul. Nos primórdios, a região era habitada por índios da ‘Tribo Xokleng’, também conhecidos como Botucudos. Na época, a tribo era muito temida em toda a região, principalmente pelos tropeiros que passavam pelo município, transportando mulas que eram levadas do Rio Grande do Sul para São Paulo.
Os tropeiros que por aqui passavam consideravam esta região a mais perigosa de todo o percurso. Segundo a história, muitos tropeiros foram vitimados por flechadas certeiras dos índios, que os consideravam invasores e queria defender seu território. Foi por este motivo que em 1807, João da Silva Machado (Barão de Antonina) pediu a D. João VI que enviasse alguns casais para formar povoações nos caminhos por onde a tropa passava.
Em 1816, D. João VI solicitou ao governo da capitania de São Paulo o envio de 50 casais de portugueses provenientes da Ilha dos Açores.
No entanto, foi a partir de 1820 que a região começou a se desenvolver de maneira mais expressiva, com a construção da Estrada da Mata. Em 1828, o povoado já contava com 180 moradores. Foi nesse período que foi erguida a “Capela da Mata do Caminho do Sul”, que hoje é conhecida como Matriz Senhor Bom Jesus da Coluna, situada no coração da cidade.
Só em 1829 começaram a chegar os primeiros imigrantes europeus, vindos de Trier, no sul da Alemanha. Neste período o local já se chamava Freguesia do Rio Negro. Com a chegada destes colonos, o povoado se tornou ainda maior e foi elevado à vila pela Lei Provincial nº 219, de 2 de abril de 1870, tendo como seu primeiro prefeito Joaquim Teixeira Sabóia, eleito em 1892.

A emancipação política se deu em 15 de novembro de 1870, com a posse da primeira Câmara de Vereadores. Três dias após instalado o município, o vereador João Bley propôs que a então chamada “rua do Portão Novo” tivesse seu nome alterado para “rua XV de Novembro”, em homenagem à fundação da cidade. Tal feito deu origem à primeira rua com tal denominação do Brasil.
O nome da cidade se dá em referência ao rio, chamado de rio Negro, devido à água escura que nele corre. Na época da nomeação da vila, antes da questão do Contestado, o rio cortava o município, que fazia limite com Curitibanos, na ocasião.
Atualmente, o município conta com população estimada com mais de 34 mil pessoas e se destaca pela atividade industrial, pela educação e pelo turismo. Dentre os principais atrativos turísticos, estão a Praça João Pessoa, o Parque Ecoturístico São Luís de Tolosa, o Parque Ambiental do Sesc, a Paróquia Senhor Bom Jesus e as propriedades que compreendem a rota do turismo rural no interior.