“Tá ficando insustentável e inaceitável”, desabafa comerciante sobre moradores de rua em Rio Negro
Até a publicação desta reportagem, a Prefeitura não informou se há programas visando resolver o problema e o crescimento da população de rua no município.


Um comerciante do Centro de Rio Negro utilizou as redes sociais para pedir ajuda sobre a situação dos moradores de rua.
“Eu quero pedir uma ajuda pra vocês, porque está ficando insustentável, está ficando inaceitável o que está acontecendo no Centro da cidade. Muitas mulheres, muitos idosos sofrem com a opressão e o desrespeito que esses moradores de rua têm”, destacou Marlon Bertolino.
“Pra quem trabalha, quem convive ali no Centro, assim como eu, sabe do que eu estou falando. A gente está indefeso, eles estão tomando conta aí da região central da nossa cidade”, acrescentou.
Há mais de 30 anos, a família de Marlon possui um restaurante na rua XV de Novembro. Conforme contou, desde o tempo de sua avó, era um costume dar comida para moradores de rua. Porém, com regras. “Depois das 13h30, se cada um levar a sua vasilha, seu potinho”, explicou.
Mas, nesta sexta-feira (14), Marlon e sua família passaram por uma situação desagradável. “Um morador de rua que anda com um cachorro, entrou no estabelecimento, pediu comida e a gente informou do horário. Foi aí que ele ficou revoltado, pegou comida com a mão da sobra de um prato e fez a maior sujeira. Eu tive que pedir pra ele sair. Nesse momento, ele usou o cachorro e começou a ofender eu e meu pai. Infelizmente, tivemos que usar a força para retirar ele do estabelecimento”, detalhou.
Em mais de 8 minutos de vídeo, que o Riomafra Mix resumiu, o comerciante detalhou ainda que, nos dias em que falta comida e não é possível fazer a doação, existe uma revolta por parte dos moradores. “Meu Deus, quando não tem essa comida para fornecer pra eles, só faltam agredir a gente”, contou.
Ainda, de acordo com Marlon, a opressão dos moradores é maior contra mulheres e idosos. “Eles oprimem para ganhar alimentos, para ganhar dinheiro”, concluiu.
O que diz a Prefeitura
Em nota, enviada na manhã de sábado (15), a Prefeitura informou que a Assistência Social tem abordado, identificado e feito trabalho de encaminhamento das pessoas.
“No âmbito da Assistência Social são realizadas ações de abordagem social, a qual consiste na identificação, atendimento e encaminhamento das pessoas que utilizam dos espaços públicos para moradia, e por conseguinte, a inserção delas em toda rede de serviços socioassistenciais, levantamento de suas demandas, e a partir desta identificação a oferta dos demais serviços existentes no município, respeitando a vontade dos usuários. Em grande parte dessas ações, são ofertadas vagas para acolhimento provisório, e também informações e encaminhamentos para a saúde mental do município, quando identificadas situações de dependência, por exemplo. Cabe salientar que todas as ações mencionadas, dependem da vontade do usuário, não podendo ser ofertadas de maneira obrigatória, sem que haja, portanto, a adesão da pessoa aos serviços”, destacou o texto.
A Prefeitura também afirmou que tem conhecimento da situação crescente da população de rua e, segundo a nota, está buscando, de maneira conjunta, a melhoria nos seus protocolos de atendimento, a intensificação das ações e oferta dos serviços legalmente previstos.
Sobre possíveis auxílios da comunidade e empresários a esses moradores de rua, a nota destaca a recomendação de como deve ser procedida a ajuda. “A forma ideal seria a orientação dessa pessoa, a buscar pela Assistência Social através do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), que, a partir da identificação do usuário, realizará o levantamento de suas demandas e a oferta de serviços e encaminhamentos dentro das necessidades e vontade do usuário. Quando aceito o acolhimento por exemplo, o usuário tem acesso a banho, alimentação, local para pernoitar, e o mais importante, o atendimento adequado e encaminhamento para superação da sua condição de rua, através da oferta de oportunidades, seja para tratamento de sua dependência, acesso a documentação pessoal, oportunidades de trabalho ou até mesmo retorno para a cidade de origem quando for da vontade do usuário. As ofertas acima mencionadas são realizadas no âmbito da Assistência Social, sabe-se, contudo, que o número de pessoas em situação de rua, é crescente em todo país, e não demanda esforços de uma só política, mas do envolvimento de toda uma rede de serviços. Não cabendo por exemplo a Assistência Social, atendimentos de emergência diante da necessidade de atendimento médico, ou ainda, situações de descumprimento da lei, os quais deverão ser reportados às forças polícias para as medidas cabíveis. Portanto, o acionamento do serviço dentro da necessidade do usuário, representa ofertar a ela a melhor saída para a superação da sua condição de rua”, concluiu a nota.
Matéria alterada
O texto foi alterado após a publicação para inserção do posicionamento da Prefeitura, enviado em data posterior a publicação desta reportagem.