Segurança digital: como proteger as crianças dos perigos da internet?

Crianças estão ainda mais vulneráveis aos perigos da web em meio à pandemia e é preciso que pais, mães e responsáveis estejam atentos para manter seus filhos seguros online.

 

Mesmo antes da pandemia transformar as rotinas de estudo e lazer, quase todas as crianças entre nove e 17 anos já estavam conectados ao mundo virtual. No país, são cerca de 24 milhões de crianças e adolescentes assistindo a vídeos e séries na internet (83%) ou utilizando as redes sociais (68%), conforme apontam dados divulgados pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil em 2020, e esse índice tende a crescer.

 

Apoie nosso jornalismo. Assine o Riomafra Mix, clicando aqui.

 

Com as crianças mais tempo em frente às telas de computadores e celulares, é preciso que pais, mães e responsáveis estejam atentos aos perigos da web para manter seus filhos seguros online.

 

Nesta terça-feira (9), comemora-se o Dia Mundial da Internet Segura e o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), fez um alerta aos pais sobre a segurança na web.

 

Segundo o coordenador do Centro de Apoio Operacional da Infância de Juventude, promotor de Justiça, João Luiz de Carvalho Botega, quase todos os delitos que ocorrem na internet podem ter como alvo uma criança ou adolescente.

 

Entre os mais comuns estão: crimes contra honra, calúnia, injúria, difamação e ameaça, que são praticados, muitas vezes, nas redes sociais, em grupos de aplicativos de mensagens, entre outros veículos de interação digital.

 

“As crianças e adolescentes também podem ser vítimas de crime de hackeamento, que foi incluído no código penal pela Lei dos Crimes Cibernéticos, e ainda um tipo de crime bastante grave cometido contra crianças e adolescentes, aqueles que envolvem a pedofilia e a pornografia infantoadolescente“, pondera Botega.

 

A exposição de crianças e adolescentes na internet, ocupa a quinta posição no ranking do Disque 100, segundo dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos divulgados em 2020.

 

O contexto de hiperconexão alavancado pela pandemia de covid-19 deu espaço para que crescesse ainda mais a ocorrência desses crimes. De acordo com um levantamento da Safernet, plataforma especializada em registrar denúncias de crimes virtuais, entre março e julho do último ano foram registradas 42.931 denúncias de pornografia infantil, número que corresponde a quase o dobro do que foi notificado durante o mesmo período em 2019.

 

Cyberbullying

Mas nem sempre o problema são os estranhos. Há casos em que mesmo colegas de escola ou conhecidos utilizam de canais como redes sociais, aplicativos de mensagens, e-mails e sites para agredir, perseguir, ridicularizar ou assediar o outro.

 

A maioria dos casos de cyberbullying pode ser solucionado de forma simples, com a mediação dos conflitos ou a remoção do conteúdo que prejudica alguém. As redes sociais mais utilizadas já possuem ferramentas para denúncia e remoção de conteúdos que se enquadram nesta categoria. Mas se não puder identificar o agressor ou se a mediação de conflitos não bastar, é possível comunicar o Conselho Tutelar, o Ministério Público ou a Polícia Militar quando houver atos infracionais, como agressão moral ou física.

 

“É fundamental destacar que muitas vezes esses crimes acabam não chegando ao conhecimento das autoridades. Por isso é importante que todos que tenham conhecimento ou suspeita da prática de uma violação de direitos e de violência contra criança ou adolescente, seja na vida real ou na internet, faça a denúncia. Ligue no Disque 100, que funciona gratuitamente, todos os dias da semana, 24 horas por dia”, explica Botega.

 

O bullying digital pode ser um pouco mais difícil de identificar, mas é preciso estar atento se a criança ou adolescente vem apresentando baixa autoestima, ansiedade, irritabilidade e atitudes mais retraídas, como a preferência por se isolar.

 

Mediação parental

A mediação parental possibilita que adultos e crianças alinhem as expectativas sobre o que é ou não permitido fazer online e é ainda uma boa oportunidade para que pais e mães, mesmo aqueles que não usam a internet, possam aprender sobre o mundo digital.

 

“É importante ressaltar que o mundo virtual, a internet e as redes sociais, são um campo minado, um espaço propício para violência contra crianças e adolescentes, assim como é o mundo real. Por isso, assim como o pai e a mãe não vão deixar o seu filho sozinho na rua conversando com estranhos, em um determinado período e em um local que você não conhece, a mesma lógica se aplica também ao mundo virtual”, reforça Botega.

 

Ferramentas dos próprios aplicativos podem ajudar as famílias na negociação dos limites a serem estabelecidos desde os primeiros cliques.

 

– YouTube

O modo restrito do YouTube é uma configuração que ajuda a excluir conteúdo possivelmente ofensivo que você prefere não ver e também não deseja que sua família veja enquanto utiliza a plataforma. Ele é ativado no navegador ou no dispositivo, então é necessário ativá-lo em todos os navegadores que você utiliza. Caso seu navegador esteja habilitado para vários perfis, você precisa ativar o Modo Restrito em cada um deles.

 

– iPhone e iPad

É possível escolher quais aplicativos, recursos e conteúdos um perfil restrito pode acessar. Por exemplo, é possível criar um perfil restrito para impedir que um membro da família use seu aparelho para ver conteúdo adulto.

 

Windows

Assim como em outros sistemas operacionais, os pais podem ativar funções de controle sobre os conteúdos, sobre o tempo e aplicações que os perfis de crianças podem acessar. Por exemplo, é possível programar para que o aparelho seja desconectado da internet durante a noite ou em certos intervalos do dia.